Assim como a ciência nasceu da Filosofia, a Psicologia também tem sua origem ligada a ela. O termo Psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos que significa razão, estudo de algum assunto. A etimologia grega do termo refere-se ao século XVI, quando se concebia psique como alma, ou mente oposto ao corpo. No século XVIII, passou a significar o “estudo da mente” (WEINTEN, 2002).
Os filósofos gregos são os
pioneiros a tentar sistematizar um conjunto de conhecimento sobre o ser humano
e sua natureza. “A alma ou o espírito era concebida como a parte imaterial do
ser humano e abarcaria o pensa- mento, os sentimentos de amor e ódio, a
irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção” (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA,
2008, p. 33).
Os filósofos pré-socráticos,
assim denominados por antecederem o filósofo grego Sócrates, enfatizavam o es-
tudo da relação do homem com a mundo por meio da percepção. Contudo, é com
Sócrates (469-399 a.C.) que a apreciação do psiquismo ganha maior interesse. A
preocupação central desse pensador era distinguir a essência humana da
essência dos demais animais. Em vistas disso, ele defendia que essa distinção
era a razão e que o uso da razão permitia ao ser humano suplantar seus
instintos. A razão como uma particularidade do ser humano inaugura o estudo da
consciência (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2008).
“Conhece-te a ti mesmo”, frase
atribuída a Sócrates na qual demostra o valor que ele dava ao autoconhecimento.
Para atingir esse patamar, era necessário reconhecer a própria ignorância que
era representada pela expressão “sei que nada sei” e, assim, desprezar nossa
insensatez e despertar a consciência de quem de fato somos.
O meio que Sócrates utilizava
para que seus interlocutores chegassem ao autoconhecimento era o diálogo que ficou
conhecido como maiêutica, uma alusão ao trabalho da mãe que era parteira, uma
vez que via semelhanças entre as duas atividades. Assim como a parteira ajuda
ao bebê vir à luz, Sócrates acreditava que seu trabalho era auxiliar as pessoas
a “parir” novas e acertadas ideias, pois somente o conhecimento interior era
capaz de levar ao verdadeiro discernimento. Através de uma conversa, na qual o
filósofo fazia apenas perguntas e assumia uma postura de nada saber, ele
conseguia levar seus interlocutores a enxergarem os pontos inconsistentes de
suas próprias reflexões. (GAADER, 1995).
Platão (427-347 a. C), discípulo de Sócrates, demarcou um espaço no corpo para situar a razão, isto é, a cabeça, onde ficaria a alma humana. Platão concebia a alma separada do corpo e a medula faria a ligação entre essas duas partes. Quando alguém morria, a matéria (o corpo) desaparecia; já a alma ganhava a liberdade. Desse modo, Platão concebia o homem como um ser dual. Considerava o corpo como algo ligado ao mundo dos senti- dos e uma alma imortal, não material (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2008).
Já Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, dedicou-se ao estudo das mudanças, das transformações da natureza. Para ele, a natureza evolui gradativamente dos seres inanimados aos seres animados ou cria- turas vivas. Divide esse último grupo em animais e homens. Tudo o que vive (planta, animais e pessoas) tem a capacidade de alimentar-se, crescer e multiplicar-se. Mas o ser humano, além de tudo isso, também tem a capacidade de perceber e refletir sobre o mundo que o cerca. Os animais teriam, pois uma alma sensitiva, que tem uma função de percepção e movimento, enquanto o ser humano teria além dessa alma sensitiva uma alma pensante. Dessa forma, se contraponto ao seu mestre, ele concebia que alma e corpo não são dissociados (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2008).