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Faz algum tempo que venho percebendo a monotonia dos
dias, a passividade dos atos e a melancolia das horas. Este desdém que vem se
apoderando gradativamente dos dias que se passam é um cortejo de falas iguais,
de brigas iguais de pessoas iguais, onde esta aquele sopro de brisa dos meus
vinte e poucos anos, quando via a vida com mais cor, com mais brilho com mais
foco. Agora tudo começa a criar um fastio terrível, um travo em relação às
pessoas pequenas e situações medíocres ao meu redor, as vezes olho pro lado e
me pergunto para quê e porque que a vida se fez assim.
Não que ela a vida seja pesada e enfadonha, ou sou eu que
depois de algum ponto de minha vida, que não consigo identificar, que perdi o
desejo pelo bobo, a graça pela busca ou a vontade instantânea por querer.
Fale-me caro leito o que faço? Como me comporto perante tudo! Como trago de
volta a menina de tempos atrás que receio ter desaguado em algum canto,
deixando aqui um alguém um pouco realizado, mas fastiada de si mesmo e da vida
que a cerca.