Essa minha
vontade de colocar a mochila nas costas e sair sem destino, sem rumo, sem nada
para fazer aparentemente e tudo a alcançar no horizonte, queria no fundo era me
livras de mim mesmo, das minhas manias que a tanto me chateiam e não consigo me
livrar delas, arrancar pelas orelhas ou pelos olhos essa vozinha que sei que
todos tem lá dentro de si e que sempre fala a verdade e não se cala em nenhum momento,
e joga la na primeira lata de lixo que encontrar.
"O que eu quero ainda não foi inventado" como lindamente formulou em uma frase Clarisse Lispector querendo dizer com isso que era uma insatisfeita por natureza assim como eu. Não sei se sou de lua como muitos costumam chamar quem não sabe o que quer, não sei se inquieta e aquela que vive inventando moda para ter o que pensar, não sei se sou assim ou assado, só tenho uma certeza esta louca e alucinante vontade de independência de liberdade que tanto me seduz. Talvez viajar por um longo tempo seria a formula que resolveria esse problema, não sei se arrumar um emprego que me sustente seria outra solução para não ter que dar satisfação a quem quer que seja, não sei se buscar uma relação estável aquietaria essa alma sem prumo nem rumo que sou, talvez ter filhos ou coisa parecida, mais sinceramente nunca me vi nesse papel, de avental depois do trabalho esperando o marido chegar e cuidando dos filhos! Ai me deu até um arrepio essa cena! Não sei se Freud explicaria essa reação pois nunca vi casal que dure muito, ou pelo menos dure com qualidade que e isso que deveria importar.
Acho que um dia talvez eu alcance a calmaria interna que tanto desejo, pois agora sou um turbilhão de ideias e vontades que não param de gravitar ao meu redor, nem nos sonhos abandono esse desejo de liberdade, um dia desses sonhei com um lugar que não sabia onde era nem por onde passava só lembro que andava por uma rua com casas antigas que ao que me parecia era a beira-mar, mais não foi nada disso que me fez acordar no dia seguinte querendo que aquele sonho retornasse na próxima noite, foi a liberdade que senti dentro daquele sonho como se eu fosse uma viajante que estivesse passando por ali e que tinha clareza dos fatos e das suas emoções, alguém que desfrutava daquele lugar e que fatalmente aproveitaria tudo de melhor que pudesse me proporcionar, pois estando de bem comigo mesma seria um ímã para as coisas boas daquele lugar! Ah na noite seguinte esse sonho não me visitou de novo!
Se existisse uma formula que eu recorreria a um gênio da lâmpada, feiticeiro ou coisa parecida seria me entender por completo, isso por completo, por que sou e como sou, o que vale realmente para mim e o que é ficção ou ilusão na minha vida, quem e essencial para mim, e quem e cortina de fumaça que só faz volume e nada preenche, acho que isso pode ser chamado de filosofia ou psicologia pessoal o que estou tentando fazer nesse texto, Freud chamaria de "limpeza da chaminé" ou cura pela palavra, o vomitar através do dialogo. Como não sou de me abrir em uma conversa com ninguém estou aqui tentando golfar, cuspir, vomitar mesmo o que sinto! Oxalá eu alcançasse o tão sonhado céu de brigadeiro ou o mar tranquilo que desejo ter ao digitar essas palavras.